Aplicação da Lei Magnitsky a Moraes repercute no cenário político

Julia Lucy comenta decisão dos EUA durante programa de Cláudio Dantas

Julia Lucy vê inclusão de Moraes na Lei Magnitsky como marco e cobra ação do Senado diante de denúncias de abusos no 8 de janeiro.

Durante participação no programa apresentado por Cláudio Dantas nesta terça-feira (30), a cientista política e ex-deputada distrital Julia Lucy avaliou como um “marco histórico” a sanção imposta pelos Estados Unidos ao ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, no âmbito da Lei Magnitsky Global. A norma norte-americana permite sanções contra indivíduos envolvidos em graves violações de direitos humanos ao redor do mundo.

Segundo Julia Lucy, a medida representa o reconhecimento externo de que “abusos e violações de garantias fundamentais vêm sendo praticados no Brasil”, especialmente após os episódios relacionados ao 8 de janeiro de 2023, quando centenas de pessoas foram presas e processadas após os atos de vandalismo em Brasília.

“Hoje é um grande dia para o Brasil. Um ditador que usurpou sua função jurídica e contaminou o Judiciário com ideologia política está sendo exposto internacionalmente”, afirmou Julia Lucy.

A ex-parlamentar relembrou a origem da Lei Magnitsky, criada após a morte do auditor russo Sergei Magnitsky, que denunciava esquemas de corrupção e acabou preso e morto sob tortura em um presídio russo. A legislação foi sancionada inicialmente durante o governo Barack Obama, e posteriormente expandida em sua abrangência.

“Essa não é uma perseguição contra um brasileiro, mas um reconhecimento de que há violações sérias acontecendo aqui. O governo americano reconhece isso”, declarou.

Julia Lucy também criticou o julgamento dos réus do 8 de janeiro diretamente pelo STF, o que, segundo ela, viola o princípio do foro adequado. Ela destacou o caso de Clesão Alves dos Santos, um dos detidos, que morreu sob custódia após alertas sobre seu estado de saúde. A ex-deputada atribuiu responsabilidade à suposta “insensibilidade” do ministro Moraes.

“Hoje temos presos políticos no Brasil, pessoas condenadas a penas de até 14 anos por ações que nem sempre foram violentas. Muitos foram julgados de forma arbitrária”, acrescentou.

Em sua fala, Julia Lucy defendeu que a aplicação da Lei Magnitsky seja um alerta ao Senado Federal, único órgão competente para processar um impeachment de ministro do STF, e criticou a inércia do senador Davi Alcolumbre, presidente da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), por não pautar os pedidos já protocolados.

“É uma vergonha para o Judiciário brasileiro. Espero que os outros ministros saibam isolar Moraes e que o Senado cumpra seu papel. A omissão é grave”, completou.

A cientista política finalizou sua análise dizendo que o episódio pode ser o início de uma mudança institucional no Brasil, reforçando que “a responsabilização internacional precisa encontrar eco nas estruturas democráticas internas”.

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